Hoje, 23 de novembro, registra-se o aniversário de morte do compositor e cantor Adoniran Barbosa (João Rubinato, 1912-1982), autor das canções “Saudosa maloca” (1951), “Trem das Onze” (1964) e “Tiro ao Álvaro” (1960), as mais belas composições deste mundo. Gosto é gosto, e eu não me perdoo por isso. Nelas escrevi os versos do meu “poema sem-fim”. Adoniran e "Tiro ao Álvaro" fazem parte do meu hilário epitáfio.
Segue: Vejo-me, agora, corpo morto. Três releituras compõem uma única alma. Devo ter vivido outras. Desconfio. Fui isso, aquilo, aquilo outro e "hoje". Esse é o epitáfio para o "hoje" da minha quarta travessia. Anotem, por favor: Viver é fazer da vida um poema sem-fim. Feito isso, segue minha lista de vontades: sapato sem cadarço, dois ou três radinhos de pilha, bandeira verde - que canta e vibra - e uma tábua de corações, para levar flechadas de tiro ao Álvaro, do Mestre Adoniran Barbosa. Minha irmã “Candura” cuidará do canto do adeus presente. Poetas cuspirão aloegos. Hora do perdão, das preces, das manias, dos trejeitos, das velas do espírito. Alma liberta! Optei pelo fogaréu. Algo “transpira” que vou queimar fácil. Não quero esperar pela autólise do corpo. No prólogo do último verso, escrevam: “intenso, exagerado e apaixonado pela vida.”
23.11.2021